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Transformando Códigos de Conduta em Cultura Organizacional

Em um ambiente corporativo cada vez mais complexo, o desafio não está na elaboração dos Códigos de Conduta, mas em como internalizá-los nas pessoas, a fim de que se tornem «comportamento».

Por Mauricio Ortega.


Legale, n. 920.
 
Muitas organizações caem na armadilha de considerarem suas missões cumpridas após publicarem seus Códigos de Conduta. Os envolvidos distribuem o documento, orgulhosos, coletam assinaturas de ciência, compartilham com os clientes e os fornecedores, e os arquivam como garantia de conformidade.
 
Acontece que, sem um plano de reprogramação cultural insistente, esses Códigos são como uma «Lei Constitucional» que ninguém conhece e, portanto, não obedece: eles existem, mas ninguém lembra deles. Eles são importantes, mas ninguém sabe onde estão salvos no sistema.
 
 
Contra o «compliance de papel»!
 
Bem ao contrário, um Código de Conduta efetivo é um conjunto de princípios e diretrizes que transcende a documentação formal e se materializa nas decisões diárias de todos os colaboradores, do CEO ao time de estagiários. Não é apenas uma promessa de ordem e moralidade ideais e futuras, mas uma bússola interna, presente e ativa, nos corações (envolvimento afetivo, emocional) e nas mentes (compromisso racional) dos colaboradores, guiando-os «a partir de dentro».
 
Mas para isso, para que transcenda a formalidade do documento, é preciso obedecer a uma jornada positiva, gradual e progressiva, mais ou menos marcada por três etapas: (1) primeiro, o documento precisa ser lido e «validado pela alta direção». Quando isso não acontece as pessoas percebem, as pessoas sentem e se ressentem, não se envolvem, não se comprometem e não se engajam.
 
Somente se a alta liderança se decidir por validar efetivamente a publicação — o que significa assumi-la — e estiver disposta a abraçar as suas consequências é que se poderá falar no (2) segundo passo da jornada, que é a fase «do conhecimento e da compreensão», a fase em que os colaboradores são apresentados ao Código de Conduta por meio dos recursos de Treinamento & Desenvolvimento e alcançam, então, uma experiência racional, intelectual do seu conteúdo.
 
Se parasse nessa fase, — é o que normalmente acontece —, não haveria transformação, não haveria mudança. Mas pode se suceder (3) o terceiro e último passo, o passo da «internalização», da experimentação afetiva, da adesão emocional, mais profunda, capaz de promover a mudança de comportamentos de forma consistente.
 
 
Resultados imediatos
 
Os treinamentos sistemáticos, apoiados pelos recursos de T&D, pelos canais de comunicação corporativa e pelos influenciadores das organizações: (a) humanizam as regras, transformando as sentenças em casos práticos e dilemas reais; (b) desenvolvem a sensibilidade e o raciocínio ético, a fim de que os colaboradores consigam navegar em zonas cinzentas onde as fronteiras entre o certo e o errado não são explícitas; (c) criam memória emocional, por meio de situações simuladas e discussões em grupo que geram conexões emocionais que a simples leitura do documento não proporcionaria; (d) alinham os colaboradores entorno de uma linguagem comum; e (e) demonstram o que a companhia considera verdadeiramente prioridade.
 
 
Benefícios de uma cultura ética internalizada
 
Quando o Código de Conduta se transforma genuinamente em cultura, os colaboradores, em todos os níveis, tomam decisões mais alinhadas aos valores organizacionais, sem necessidade de supervisão constante; a integridade organizacional torna-se perceptível para stakeholders, transcendendo declarações de marketing; os próprios colaboradores identificam e corrigem desvios antes que se transformem em problemas maiores; as pessoas sentem-se confortáveis para apontar preocupações éticas sem temor de retaliação; e os administradores demonstram cuidado ao promover uma cultura ética robusta.
 
 
O investimento que se paga em cultura
 
Os treinamentos não são custos, são investimentos que pagam dividendos em forma de confiança, de processos decisórios mais eficazes e integridade reputacional.
 
Quando o Código de Conduta deixa de ser um documento perdido no meio do sistema para se tornar uma bússola interior, presente nas pessoas, é possível dizer que a marca venceu, que atingiu sua maturidade ética.
 
Portanto, o verdadeiro valor de um Código de Conduta não está na qualidade de sua redação formal, está no grau de internalização de seus princípios.
 
 
 

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Vaz de Almeida

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