Protagonismo e Influência. Declaração de Sima Bahous, Diretora Executiva da ONU Mulheres, para o Dia Internacional da Mulher, 8 de março de 2022.
No Dia Internacional da Mulher, celebramos o poder e o potencial de mulheres e meninas. Reconhecemos sua coragem, resiliência e liderança. Celebramos as maneiras pelas quais estamos progredindo em direção a um mundo com mais igualdade de gênero. Ao mesmo tempo, porém, vemos como esse progresso está sendo prejudicado por crises geracionais múltiplas, interligadas e combinadas.
Atualmente, estamos testemunhando a horrível situação da Ucrânia, onde os impactos sobre mulheres e meninas, incluindo as centenas de milhares de retirantes, nos faz lembrar: todos os conflitos, da Ucrânia a Mianmar e ao Afeganistão, do Sahel ao Iêmen, cobram seu preço mais alto justamente delas, mulheres e meninas. O secretário-geral [da ONU, Antônio Guterrez] foi claro, a guerra deve parar.
Recentemente, vimos o impacto da CoViD-19 no aumento das desigualdades, impulsionando a pobreza e a violência contra mulheres e meninas e a reversão do progresso em empregos, saúde e educação. As crises aceleradas das mudanças climáticas e da degradação ambiental estão minando desproporcionalmente os direitos e o bem-estar de mulheres e meninas, tudo isso multiplicando a insegurança em todos os níveis, do individual e doméstico ao nacional. Temperaturas crescentes, secas prolongadas, tempestades violentas e inundações estão resultando na perda de meios de subsistência, estão esgotando os recursos e alimentando a migração e o deslocamento. O último grande relatório do IPCC sobre mudanças climáticas e nosso secretário-geral nos alertaram que «quase metade da humanidade está vivendo na zona de perigo ― agora» e que «muitos ecossistemas já alcançaram o ponto de não retorno ― agora».
Mas as mulheres, especialmente as mulheres jovens, são multiplicadoras de soluções.
Protagonismo e Influência
Temos hoje a oportunidade de colocar mulheres e meninas no centro de nosso planejamento e ação e de integrar as perspectivas de gênero nas leis e políticas globais e nacionais. Temos a oportunidade de repensar, reestruturar e realocar recursos. Temos a oportunidade de nos beneficiar da liderança de mulheres e meninas defensoras do meio ambiente e ativistas do clima para orientar a conservação do nosso planeta. Precisamos do conhecimento, práticas e habilidades intergeracionais das mulheres indígenas ― e de todas as comunidades étnicas e culturais.
Serão necessários níveis sem precedentes de cooperação e solidariedade globais para termos sucesso, mas não há alternativa para o sucesso. Devemos proteger nossos ganhos duramente conquistados em direitos humanos e direitos das mulheres e liderar decisivamente para não deixar nenhuma mulher ou menina para trás.
Temos um plano a seguir. Envolve a participação e liderança plena e igualitária das mulheres na tomada de decisões; seu acesso a empregos verdes e à economia azul; e seu acesso ao financiamento e recursos.
Precisamos garantir proteção social universal e uma economia do cuidado que proteja a todos nós. Temos que aumentar o financiamento para iniciativas climáticas, ambientais e de risco de desastres sensíveis ao gênero; inclusive para a recuperação da CoViD-19 e para aumentar a resiliência a choques futuros. A solução está aí. Decidimos persegui-la.
Façamos deste Dia Internacional da Mulher uma ocasião para relembrar que nós já temos as respostas não apenas para o SDG5 (Sustainable Development Goal 5: Gender Equality and Women’s Empowerment), mas, por meio do avanço da igualdade de gênero, para todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e para a Agenda 2030. E estou ansiosa para trabalhar com cada um de vocês para esse fim.
«O tempo é agora.»
Vaz de Almeida Advogados
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